Desigualdade no tratamento de câncer no SUS compromete a vida de milhares de brasileiros

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A desigualdade no tratamento de câncer no SUS representa uma das mais graves falhas do sistema de saúde pública no Brasil. Enquanto os avanços da medicina oferecem novas terapias capazes de salvar vidas, milhões de brasileiros continuam reféns de um cenário onde a eficácia do tratamento depende do lugar onde moram. A pesquisa Meu SUS é diferente do seu, divulgada pelo Instituto Oncoguia, escancara a discrepância entre regiões e hospitais que deveriam, em tese, garantir acesso igualitário à saúde. A desigualdade no tratamento de câncer no SUS se traduz em sofrimento, atrasos e até mesmo em mortes evitáveis, especialmente nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Segundo o estudo, menos de 5% dos hospitais dessas regiões oferecem terapias oncológicas padrão ouro para doenças como câncer de pulmão e melanoma. A desigualdade no tratamento de câncer no SUS ganha contornos ainda mais dramáticos quando se observa que hospitais ainda utilizam medicamentos ultrapassados como o Interferon, enquanto terapias modernas aprovadas em países desenvolvidos seguem inacessíveis para a maioria dos pacientes brasileiros. Essa defasagem tecnológica compromete diretamente as chances de cura e reduz a expectativa de vida de quem depende do sistema público.

O levantamento analisou 95 hospitais habilitados em oncologia e revelou que 69% deles não têm protocolos clínicos completos para os cinco tipos de câncer mais prevalentes: mama, próstata, pulmão, colorretal e melanoma. Essa constatação reafirma que a desigualdade no tratamento de câncer no SUS não é apenas um problema de estrutura física, mas também de atualização e gestão. Os protocolos clínicos disponíveis no país estão desatualizados, com exceção do que trata o câncer de mama, o que dificulta ainda mais a aplicação de terapias reconhecidas internacionalmente como eficazes.

A desigualdade no tratamento de câncer no SUS vai além das estatísticas. Ela atinge diretamente a dignidade humana, ao permitir que o CEP do paciente determine o nível de cuidado que ele receberá. Pacientes enfrentam filas intermináveis para conseguir uma biópsia, percorrem cidades em busca de exames e esperam meses por uma consulta com um especialista. Muitas vezes, a demora resulta em diagnósticos tardios, comprometendo irreversivelmente a eficácia do tratamento. Essa realidade escancara o fracasso da gestão pública em garantir o direito básico à saúde.

Frente a esse cenário alarmante, o Instituto Oncoguia lançou um manifesto em defesa dos direitos dos pacientes com câncer, denunciando que a desigualdade no tratamento de câncer no SUS é, acima de tudo, uma violação de direitos humanos. O documento propõe medidas concretas, como o diagnóstico em até 30 dias, início do tratamento em no máximo 60 dias, acesso a exames e medicamentos atualizados, além de uma gestão mais humana das filas e do cuidado contínuo com qualidade de vida. A proposta é não apenas denunciar o problema, mas apontar soluções para sua superação.

A presidente do Instituto Oncoguia, Luciana Holtz, reforça que a desigualdade no tratamento de câncer no SUS é uma ferida aberta que sangra vidas todos os dias. Ao afirmar que direito que não vira cuidado é violência, ela traduz a dor de famílias que perdem entes queridos por falta de acesso a tratamentos que existem, mas não chegam a quem mais precisa. A proposta do manifesto é um convite à ação, um chamado à sociedade civil, autoridades e profissionais de saúde para transformar esse cenário de descaso em uma política pública justa e efetiva.

O impacto da desigualdade no tratamento de câncer no SUS também afeta a economia da saúde pública. Tratamentos atrasados ou ineficazes geram maior custo ao Estado, que precisa arcar com complicações evitáveis e internações prolongadas. Além disso, pacientes que poderiam ser curados em fases iniciais tornam-se dependentes de cuidados paliativos, o que onera ainda mais o sistema. Assim, investir na equidade do tratamento oncológico não é apenas uma questão ética, mas também de sustentabilidade econômica.

Para que a desigualdade no tratamento de câncer no SUS seja superada, é essencial que o Brasil estabeleça um compromisso nacional com o diagnóstico precoce e com a oferta de terapias eficazes em todo o território. Cada brasileiro deve ter o mesmo direito à vida, independentemente da região onde vive. A mobilização promovida pelo Instituto Oncoguia é o primeiro passo para reverter essa realidade, mas é preciso que a sociedade e o governo atuem juntos para garantir que nenhum paciente seja abandonado por um sistema que deveria protegê-lo.

Autor: Olivia Johnson

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