Paulo Twiaschor ressalta que a geotermia de baixa entalpia desponta como alternativa competitiva para climatização eficiente em edifícios urbanos, sobretudo onde custos energéticos e metas ESG pressionam resultados. Ao aproveitar a temperatura relativamente estável do subsolo por meio de trocadores de solo, sistemas de bomba de calor alcançam alto coeficiente de desempenho, reduzindo consumo elétrico e emissões sem depender de combustíveis fósseis convencionais ou torres de resfriamento de grande porte.
Em contextos densos, a viabilidade é ampliada pelo desenho modular dos campos de sondas verticais ou horizontais. A implantação com perfurações de pequeno diâmetro, aliada a fluidos térmicos estáveis e controles digitais, permite integrar a solução a edifícios novos ou a projetos de retrofit. Assim, o ativo ganha previsibilidade térmica durante todo o ano, com menor oscilação de carga e operação mais silenciosa que HVAC convencionais.
Trocadores de solo: fundamentos térmicos e arranjos de campo
De acordo com Paulo Twiaschor, o desempenho dos trocadores de solo depende da condutividade térmica do terreno, vazão do circuito e qualidade da interface tubo-solo. Em sondas verticais, U-loops em PEAD com leito de grout termicamente aprimorado elevam a transferência, enquanto arranjos horizontais exigem área disponível, mas facilitam manutenção. Em ambos os casos, o dimensionamento correto previne o “congelamento” térmico do terreno ao longo dos anos.

A engenharia de campo também considera espaçamentos, profundidades e balanço sazonal entre extração e rejeição de calor. Quando combinados a bombas de calor reversíveis e controles por zona, os trocadores mantêm temperaturas de insuflação estáveis, reduzindo ciclos liga–desliga e alongando a vida útil dos compressores. O resultado é maior conforto, com umidade controlada e menor ruído nas áreas ocupadas.
Integração com BIM, simulação energética e automação predial
Paulo Twiaschor elucida que a integração com BIM e simulações energéticas permite testar cenários antes da obra, correlacionando cargas térmicas por uso, orientação solar e envelope. Modelos paramétricos com dados de solo e curvas de bomba de calor geram estimativas robustas de COP sazonal e consumo anual. Isso orienta o CAPEX ótimo entre número de sondas, profundidade média e infraestrutura elétrica de apoio.
Na operação, a automação predial ajusta setpoints e vazões segundo ocupação e clima, explorando tarifas horárias e priorizando conforto com mínima energia. Sensores de temperatura do terreno e de retorno dos circuitos alimentam dashboards que sinalizam desvios e facilitam manutenção preditiva. Comissionamento rigoroso (purga de ar, equilíbrio hidráulico e calibração) é decisivo para manter o desempenho projetado.
Benefícios urbanos: eficiência, água e baixo impacto acústico
Conforme Paulo Twiaschor, a geotermia de baixa entalpia aumenta a eficiência sazonal e reduz picos de demanda elétrica, aliviando redes urbanas em horários críticos. Ao dispensar torres de resfriamento e chillers de grande porte, diminui o consumo de água e o risco de aerossóis, além de reduzir a ocupação de coberturas e a altura de casas de máquinas, algo sensível em centros adensados.
Do ponto de vista ambiental e de vizinhança, os sistemas têm baixo impacto acústico e minimizam emissões indiretas. Em empreendimentos certificados, contribuem para créditos de energia, água e qualidade ambiental interna. A previsibilidade térmica melhora o conforto e estabiliza despesas operacionais, fortalecendo a atratividade de locação e a permanência de inquilinos sensíveis a custos totais de ocupação.
Desafios de implantação e caminhos de viabilidade
Paulo Twiaschor expõe que o principal desafio está no CAPEX inicial, perfuração e licenciamento. Estudos geotécnicos, ensaios TRT (Thermal Response Test) e logística de obra precisam ser planejados sem interromper a rotina urbana. Entretanto, modelos de ESCO, contratos de desempenho e green loans podem diluir investimento, enquanto incentivos municipais aceleram o payback.
No âmbito técnico, a compatibilização com o envelope e estratégias passivas (sombreamento, ventilação cruzada e isolamento) reduz a carga a ser atendida, comprimindo o campo de sondas e o custo. Por fim, convém detalhar que a correta medição e verificação, com metas claras de COP sazonal e disponibilidade, consolida a confiança de investidores. Assim, a geotermia de baixa entalpia afirma-se como rota madura para climatização urbana eficiente, resiliente e alinhada à descarbonização.
Autor: Olivia Johnson